Vigorexia: Novo vilão da prática de exercícios
Passar horas na academia malhando, combinado ao uso de substâncias irregulares, pode trazer contratempos ao corpo
Faltando quatro meses para o verão as academias começam a ficar lotadas. A busca pelo corpo perfeito é uma corrida contra tempo e a perfeição acaba sendo o inimigo para muitos adeptos do corpo escultural. Muito se fala de anorexia e da ditadura da magreza, mas poucos conhecem uma doença que atormenta a vida de muitos jovens: A Vigorexia. Um transtorno dismórfico corporal, em que a pessoa sente que não está forte o bastante e que costuma ser identificado em atletas, principalmente homens.
De acordo com o Dr. Cláudio Ambrósio, médico pós graduado em endocrinologia e metabolismo, a autoimagem distorcida leva os portadores de vigorexia à prática exagerada de exercícios físicos, em busca do corpo perfeito de acordo com os padrões de beleza impostos pelos valores da sociedade.
Os Vigoréxicos passam horas e horas nas academias, sempre aumentando a carga dos exercícios. Paralelamente, introduzem alterações na dieta constituída basicamente por proteínas, passam a consumir suplementos alimentares sem orientação e recorrem ao uso de esteroides e anabolizantes.
Diante do espelho, anoréxicos esquálidos e desnutridos se enxergam obesos, e os vigoréxicos se veem fracos, magrinhos, apesar de fortes e muito musculosos. “A sociedade em que vivemos dá ênfase ao corpo perfeito e exibe modelos a serem seguidos. E a saúde em alguns casos, passa a ser o segundo plano.”, ressalta Dr. Ambrósio.
Estudos mostram que em torno de 56% das pessoas que fazem uso de anabolizantes não informam ao médico. O uso inadequado vicia através da imagem, da variação de hormônios quando não se está fazendo uso dela, e também da liberação de dopamina, fortalecendo o vício.
Dr. Cláudio Ambrosio |
O primeiro passo para identificar um vigoréxico é perceber que sua busca pelo corpo perfeito está longe de acabar, mesmo que ele esteja em ótima forma física. Ele pode apresentar: dor muscular persistente por todo o corpo; cansaço ao extremo; irritabilidade; depressão; dieta muito restritiva; insônia; aumento da frequência cardíaca no repouso; menor desempenho durante o contato íntimo; sentimento de inferioridade.
Segundo Dr. Ambrosio, a vigorexia também é considerada um tipo de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e precisa de tratamento. “Essa busca pelo corpo mais forte pode causar problemas sérios.’’ , alerta.
Por ser uma doença de imagem, o tratamento precisa ser feito por equipe multidisciplinar, como psicólogo/psiquiatra, endocrinologista e outros de acordo com cada caso.